A colaboração potencializa a criação, compartilhamento e transferência de conhecimento e sustenta uma cultura que incentiva a descoberta e inovação, gerando impactos subsequentes sobre o desempenho organizacional.
Colaboração, ao contrário de cooperação ou outras expressões de interação social, envolve especificamente uma disposição para se assumir riscos, ligados ao compartilhamento de poder, de recursos financeiros e de reputação – que são inerentes a uma interação mais intensa. Colaboração é, assim, dependente de objetivos claros e de um ambiente aberto que ajude pessoas a compartilhar riscos e construir a confiança nos relacionamentos.
É essencialmente uma ação coletiva, onde competências complementares interagem para criar um entendimento comum que nenhum dos atores envolvidos já havia possuído ou não seria capaz de obter por conta própria. Quanto maior o benefício comum gerado pela colaboração, mais positiva pode ser a percepção de interdependência entre os indivíduos, organizações e áreas, e menor a tendência de defesa com base no interesse próprio. A mutualidade resultante minimiza a solução unilateral de problemas e é dependente de um alto nível de compromisso formal, o que não ocorre em relacionamentos baseados em coordenação ou cooperação.
Colaboração é, além de uma ação, uma capacidade fundamentada no altruísmo e reciprocidade, onde os ganhos de se agir coletivamente superam a perda de autonomia. Com essa capacidade, organizações podem se adaptar rapidamente a um ambiente econômico em constante mudança e contar com ‘ingredientes’ de interação social que têm um forte impacto sobre o resultado inovador.
Esses ingredientes formam um conjunto de recursos sociais, relacionais e culturais que, quando combinados com outras capacidades- inovativa, absortiva e adaptativa permite expandir e revitalizar os recursos tangíveis e intangíveis de uma organização e aplicá-los para resolver problemas e produzir um resultado inovador.
Os ingredientes da colaboração formam um conjunto de fatores integrados aos fluxos de subjetividade e objetividade que expressam as tensões inerentes às diferenças dinâmicas entre os interesses individuais e coletivos. A dualidade é uma expressão da tensão entre derivação e integração presente durante a ideação e implementação de produtos, serviços e negócios e pode ser traduzida como um entrelaçamento de ‘ingredientes’ da colaboração: além do altruísmo e reciprocidade, são eles a transparência, autossuficiência, convergência e compartilhamento. Flexibilidade, abertura, mobilização e acesso complementam o conjunto dos dez ingredientes.
No próximo post o conjunto dos dez ingredientes será abordado como sistema entrelaçado. Nos posts subsequentes, cada um dos dez ingredientes que caracteriza a colaboração será abordado em profundidade, visando auxiliar lideranças que buscam na colaboração uma forma de diferencial competitivo sustentável a refletir sobre seu sistema de gestão da inovação.
