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Design e colaboração: auto consciência em prol do coletivo

Já foi o tempo em que o espiritual estava disfarçado como uma expressão da arte combinada com intuição e a colaboração era um pecado a ser evitado por aqueles que desejavam a vitória.

Modelos de inovação aberta e em rede sugerem que novas formas de relacionamento colaborativos surgem de espaços de convivência que ampliam o potencial de compartilhamento de recursos; reforçam a importância de diversidade de pessoas e empresas; despertam o surgimento de relacionamentos de mutualidade e o amadurecimento de ideias e projetos construídos coletivamente; e são dependentes da exploração de novos modelos de gestão onde a liderança pode ser distribuída.

Design se originou da separação entre corpo, mente e espírito. É hora de integrar e mergulhar no fluxo da co-criação e da execução radical, via amplo acesso e compartilhamento de recursos em rede. O Design é um fantástico impulsionador do aprender fazendo em um campo de interação definido ao longo do vivenciar de determinadas situações que despertam o ´sentir´ e que se estabiliza na confecção sucessiva de protótipos. Designers constroem metáforas guiadas pela reflexão coletiva e concretizam sua intenção por meio de insights surgidos da intuição. Designers fazem juntos, observam juntos e depois compartilham a experiência vivida. Refletem e depois verbalizam o que viram e sentiram por meio de painéis, cenários, desenhos e pequenos protótipos preliminares, utilizando tanto o lado analítico como o intuitivo.

Design vive quando a consciência e a lucidez se mesclam com a colaboração e pessoas constroem ideias ancoradas em sintonia com sua sabedoria conectada a um fluxo de necessidades emergentes. Morre assim o Design Egocêntrico guiado por uma estratégia insustentável do gênio criativo, aquele que não compreende e não se compreende no fluxo, na ligação Maior desse processo.

A ligação Maior revela a conexão do que significa verdadeiramente relacionar-se, fortalecendo assim a perspectiva ecológica em oposição a visão mecanicista. São caminhos que sugerem também a importância da ampliação de estados de consciência, cuja fonte é o nível da qualidade interior de indivíduos em interação social. O desenvolvimento de um nível mais profundo de atenção dos que inovam sugere uma atuação do Design em um nível profundo de conexão coletiva, onde o conjunto indivíduo ambiente não pode ser separado e não faz sentido a divisão entre a parte e o todo.

A colaboração nesse sentido passa a ser resultado da ampliação de estados de consciência como qualidade interior de quem intervém e viabiliza a co-criação de significados como ação coletiva no desconhecido. O Design em sintonia com a colaboração passa assim a atender a organizações que buscam novas formas de inovar coletivamente, em um momento de convergência de interesses atuando em um campo sutil de consciência coletiva, acessado como um processo intersubjetivo de construção social (Nós) e intra subjetivo do indivíduo em contato com sua intenção (Eu).

Designers dependem, no entanto, de um aprofundamento na compreensão do que vem a ser a colaboração. Dessa forma, Designers poderão explorar outros caminhos de relacionar-se e interagir em campos sociais de cocriação levando em conta as diferentes polaridades expressas nos ingredientes da colaboração. Vários desses ingredientes representam uma polaridade como congruência e compartilhamento versus transparência e autossuficiência.

Congruência e compartilhamento representam as forças de combinação de interesses que geram um entrosamento para que se exerçam escolhas. Envolvem um forte senso de interdependência, construído a partir da abertura ao poder alheio e pela capacidade de tolerância das diferenças. Por outro lado, Transparência e Autossuficiência são forças de expressão de uma identidade construída em torno da explicitação de uma vontade. Relacionam-se a capacidade de sustentar uma divergência sadia, ao se colocar com clareza determinado ponto de vista e sustentá-lo sem temor de um enfrentamento.

Outros quatro ingredientes evitam que as forças citadas anteriormente em tensão direta descambem para a polarização e a armadilha da destruição: mobilização, abertura, flexibilidade e acesso. Mobilizar pessoas e recursos com legitimidade requer uma firmeza para tomar decisões que preservem autonomia e que estimulem a experimentação. Uma abertura para assumir riscos e quebrar regras gera um comportamento criativo e compassivo de tolerância as suas próprias falhas e ao erro alheio. Uma flexibilidade para suspender pressupostos e lidar positivamente com a discordância propicia um ajuste dinâmico de pontos de vista em interações de alta voltagem.

Acesso a canais de informação e disposição para conectar pessoas resultam na difusão de conhecimento informal. Laços combinados de informação e compromisso ampliam as possibilidades para o aprendizado e ajuda mútua.

Finalmente, altruísmo e reciprocidade são resultantes da combinação dos outros oito fatores: a capacidade de agir além do que é necessário ou esperado surge da confirmação de expectativas positivas sustentadas pelo respeito aos compromissos assumidos. Confiança, cumplicidade, doação, generosidade e laços de boa vontade permeiam o benefício ao outro sem contrapartida de retribuição.

Na ânsia por afirmação, designers tendem a abafar uma atuação naturalmente voltada ao relacionar-se perdendo assim contato com uma qualidade mais subjetiva caótica, envolvendo mudanças de percurso, atividades descontínuas e uma inesperada combinação de mudanças.

Já é tempo do espiritual ser integrado ao Design como uma expressão da auto percepção guiada pelo e para o coletivo, por meio de uma colaboração genuína e voltada a criação de ambientes e espaços de interação social, em um contexto micro ou macro.

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